
Conheça Maceió para além dos cartões postais: as belas praias que encantam o Brasil dão lugar a uma realidade de luta por justiça, compensação, controle de danos ambientais – e até mesmo pelo direito de cair morto
Memórias que Não Afundam busca mostrar as memórias e histórias de dezenove ex-moradores dos cinco bairros atingidos pelo afundamento de solo causado pela extração de sal-gema por uma mineradora em Maceió/AL.
Todos os personagens que estão nesta exposição foram moradores dos bairros afetados: Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol.
A pesquisa e as entrevistas foram realizadas por formandos também atingidos pelo desastre. Os alunos entraram em contato com a metodologia do Museu da Pessoa para, também, construir integralmente esta exposição.
Por um lado, Memórias que Não Afundam é um esforço contra o esquecimento: é lembrar do valor do que se perdeu. Por outro, é o registro das consequências sofridas pelos moradores e o impacto ambiental do desastre nas ruas desertas e na Lagoa Mundaú.
Os acervos apresentados através de fotos, vídeos, reportagens e depoimentos; narram origens, vitórias e dramas familiares, a vida que pulsava nestes bairros, bem como sua a história de sua destruição: a perda da convivência e pertencimento ao local que morava, separação de parentes e amigos, como também a subtração de patrimônios sociais, culturais e ambientais.
Você irá conhecer a dimensão humana da tragédia ocorrida em Maceió através destas histórias de vida registradas. Elas contam como o problema da desocupação forçada atingiu de diferentes formas cada um dos moradores.
No mapa interativo é possível identificar cada um dos bairros afetados e seus respectivos locais de memórias. Você também pode contribuir com este projeto, deixando seu relato através do ícone Conte Sua História.
O projeto Memórias que Não Afundam é uma iniciativa que faz parte do Programa Nosso Chão, Nossa História: parceria entre o Comitê Gestor dos Danos Extrapatrimoniais, com a UNOPS e o Museu da Pessoa.
O mapa de locais de memória dos bairros afetados pela subsidência de solo em Maceió honra o passado, preserva memórias e registra o vínculo entre pessoas e lugares marcantes. Nele é possível relembrar espaços significativos transformados ou demolidos em decorrência da mineração de sal-gema. Além disso, serve como instrumento de memória coletiva, mantendo viva a história local e ajudando a compreender os desafios dos moradores, sendo essencial para a preservação histórica, cultural e emocional da cidade.
“Demoliram Bebedouro todo. Isso com o aval dos órgãos… Quem é que tem o direito de tirar sua vida? Quem tem o direito de tirar você de dentro da sua casa? Ninguém tem esse direito.”
Professor José Balbino
“Eu não tive a oportunidade de escolher uma advogada. Eu não tive a oportunidade de fazer um acordo decente. Eu tive que aceitar, no caso, minha família teve que aceitar o que eles disseram. Então, a gente não tinha forças para lutar contra isso.”
Ely Daniel dos Santos Silva
“…a empresa chegou aqui e foi acolhida, foi aprovada. E hoje nós estamos sofrendo. E hoje está aí o resultado dessa grande empresa.”
Maria Aparecida da Silva
“Foi me causando revolta, quando eu comecei a ver as casas sem portas, sem telhas. Muitas pessoas tinham pichado as paredes, pedindo justiça. E os gatos ficando ali naqueles escombros. Os animais passando fome. “
Elisa Oliveira de Moraes
“O que eu penso pra isso aqui é que primeiro que em hipótese alguma a empresa pode ficar dona desse território, seria uma desonra, sabe, eu me tornaria menos gente, menos alagoano…”
Rogério Dyaz