“Ref” para o mundo

Vicenta Perrotta

Eu pensava assim: “Eu não posso fazer o que a indústria faz, não vou concorrer com ela”. Eu preciso construir algo que tenha personalidade, algo que traga uma diferença imagética. Cada roupa é única, cada ser é uma individualidade, e o que eu faço é uma tecnologia social onde, a partir da costura dos resíduos industriais, a gente descobre outras possibilidades de existência. Isso é

transmutação têxtil,

o encontro do corpo lido como pejorativo com o lixo, que também é lido como pejorativo e a transformação disso.

Eu não faço moda, a moda é um pacto, a moda é sobre indústria. O que eu faço é rasgar esse contrato. A roupa que eu faço destrói o corpo pré-definido. Eu trabalho a visão de uma outra possibilidade. Digamos que o processo da minha família não me deixar fazer moda de fato aconteceu, porque eu não faço moda.

O plano deu certo.


Galeria de mídias

Vicenta Perrotta nasceu em Campinas, no dia 3 de abril de 1979. Uma peça de roupa industrial, opaca e sem vida é tudo que não quer ver pela frente. Seu público são travestis, pessoas trans e PcD’s, e seu material de ofício, retalhos. Ela cria uma roupa única, individualizada e que não pode ser transformada em produto.