Sem Complexo

Patrícia Sant'Anna

Quando minha mãe ficou grávida de mim ela quis dar o nome: “Vai ser Patrícia, porque eu tenho que ter uma filha para chamar de Pat”. Aí eu ganhei o nome por causa do apelido. Eu nasci num dia de jogo do Brasil na Copa de 1974: Brasil x Zaire. Minha mãe ficou tão emocionada com a vitória que eu vim ao mundo de oito meses.

Eu sempre fui uma ‘louca’ da National Geographic. Lia todas e tinha isso, de falar: “Nossa, por que no interior da África, no interior da Indonésia as pessoas se vestem e têm uma aparência tão diferente da gente? Por que essa aparência é considerada bonita por eles?”. Sempre fiquei fascinada com essa ideia das

diferenças.

Minha empresa, a Tendere, começa com pesquisa de tendências para fazer prospecção de futuro. O futuro imediato normalmente é previsível por conta de elementos macro já definidos, mesmo assim é uma responsabilidade alta vender informação, então quando eu entrego um relatório para um cliente, não raro eu falo assim: “Estou te dando o ‘coração’ do seu cliente. Se você vai entrar nele ou não é decisão sua.”

A gente tem que parar de achar que vai fazer invernos incríveis e fazer verões poderosos. Quem fica chique na praia? Só nós, mas nós não temos orgulho disso. As pessoas acham inverno chique, colocar blazer. Chique para quem, ‘cara pálida’? Aqui tem um mês no frio e onze de calor. Está na hora de largar esse complexo, porque a gente não é ‘vira-lata’, a gente é mestiço, é diferente.

A gente não pode ter medo de quem a gente é.

Patrícia Sant’Anna nasceu em São José dos Campos, em 22 de junho de 1974. É formada em ciências sociais, pesquisadora, palestrante e professora na área de negócios e economia “fora da caixa”. Também fundadora da Tendere pesquisas e soluções criativas, dedica-se a defender uma moda livre de clichês e que respeite a cultura das pessoas.