Minha festa da menina moça

Mariazinha Guajajara

Na sua entrevista, Mariazinha nos conta sobre a sua infância, os laços familiares, os aprendizados e ensinamentos passados por seus pais, a migração da sua família da Aldeia União para o outro lado do rio e a fundação da nova aldeia pelo seu pai. Nos conta também sobre a chegada dos brancos para a construção da linha de ferrovia, as doenças que eles iriam trazer para a comunidade, sobre a dificuldade em falar o português, a falta de transportes e comunicações, da carta de autoria para que pudesse se transportar de trem. Em seguida, dona Maria analisa as mudanças que ocorreram nas festas de moqueado, explica o processo da mandiocaba, narra a sua experiência na festa de menina moça, lembrança que mais a marcou, a sua primeira caçada, os artesanatos, a relação com outros povos, como se alimentavam, a criação dos Guardiões da floresta e os incêndios. Por fim, ela conta sobre como foi o seu casamento.

A minha primeira festa de menina moça, meu pai fez aqui, não sei se vocês sabem meu pai também era cantor, eu não aprendi a cantar com ele. Por que naquela época quando meu pai estava vivo, eu não me interessei em aprender a cantar com ele.... Como sabem meu pai era cantor. Além de cantar meu pai também tinha um Dom, pois ele sabia se uma mulher estava grávida né, além disso sabia se o filho estava atravessado ou normal. Papai sabia também se aquela mulher estava grávida de uma Menina ou de um menino.
Antigamente na festa de moqueado não tinha foguete, não tinha alimentação que tá sendo servido hoje em dia, antes era só carne de caça do Mato. Botava o Moqueado na panela e tinha que fazer também para comer na hora que eles estavam cantando. Mas hoje não, por que mudou, quando se fala em festa de menina moça já sabe, que vai ter que comprar bolacha, refrigerante, leite, carne, cebola, corante, Pimenta do reino e tudo ali, mas antigamente não era assim. Antes era só o xibeu de farinha mesmo e caças do Mato.
A minha experiência que foi a brincadeira da Menina moça não tinha foguete, não teve alimentação do branco. Ali era só o papai com os amigos dele que eram cantor também que ajudava ele e também tinha as cantoras que era a mamãe. Não tinha energia, acendia um fogo, um coivara de fogo assim no terreno pra acender cigarro né, a energia ali era só o fogo de cigarro feita com Tawari. Hoje em dia não fazem mais cigarro com o Tawari, mas o papai gostava de fumar no Tawari.
O que ficou mais marcado na minha lembrança foi as várias Caças, eles botavam mais era capelão, Cútia, não botavam paca que nem hoje em dia. Apenas eles matavam era essas Caças como o capelão, macaco e Porcão e Caititu quando topavam com eles, além dessas, não matavam mais outros tipos de caça como tá acontecendo agora em dia. Também matavam Urú, ela era a primeira a ser caçada e depois colocada no Girau, chamado agora os outros animais. E hoje em dia eles matam qualquer animal e colocar no Girau.

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