Em entrevista, Marinaldo Guajajara conta sobre sua trajetória de lavrador e guardião da floresta. Relembra dos tempos de quando era novo e de como chegar à aldeia era muito difícil pela falta de estradas e meios de transporte. Com emoção, nos conta sobre como sempre acompanhou seu pai na luta engajada em proteger o território. Fala dos tempos de dificuldades, de quando ficou responsável por cuidar de seus irmãos mais novos e da sua mudança para o lugar onde vive, a Aldeia Nova. Lembra os seus tempos de criança, de quando saía na mata para caçar com seu pai e das brincadeiras que brincava. Ainda recorda de como era a educação no seu tempo, revelando que quase não pôde frequentar a escola porque tinha muitas responsabilidades. Depois explica como foi o processo de ingresso no grupo dos Guardiões da floresta e de muitos riscos de vida que já passou sendo um. Também não esquece e nem deixa esquecer a importância de ouvir os mais velhos e das muitas coisas que aprendeu com eles. Por fim, fala sobre como foi a disseminação do português na sua aldeia.
Foi o jeito a gente se ajuntar e formar esse grupo para poder defender o território. Tivemos que pegar experiência fora para poder chegar, reunir todo mundo e convencer. Foi muita luta! Muita conversa, muita palestra, muita sentada que sempre nós viemos fazendo para poder convencer os parceiros a reunir a equipe que hoje está formada.
Mas foi uma luta muito forte, sem parente querer, sem acreditar e sem saber o que ia fazer, era um trabalho muito arriscado que nem a gente sabe que é. Porque você sai de casa e deixa sua família para trás e vai resolver outras coisas de risco e nunca sabe do jeito que volta. Foi com muita luta que a gente conseguiu formar essa equipe e hoje estamos aí.
Hoje tem o pessoal, tem mais organização, tem a equipe das guerreiras e os jovens também estão se envolvendo. Através da iniciativa dos guardiões tudo tá evoluindo, mais gente tem participado e fazendo mais coisas. Por isso a gente espera e acredita que não pode abandonar a luta agora.