Lucineide Viana Guajajara nos conta a difícil vida que levou com sua família, a série de violências cometidas pelo seu ex-marido e um abuso sofrido na infância. Rememora a fundação da Aldeia Nova pela sua família, umas das primeiras a habitar a região. Ainda relata as suas andanças pela mata para pescar e trabalhar na roça, a primeira festa indígena que participou e a suas histórias com os encantados da floresta. Por fim, nos fala do momento que salvou a vida de uma criança que se afogava no rio, história essa que marcou a sua vida e carrega com orgulho o seu ato de salvação.
Fui no céu e voltei
Me lembro assim, quando eu conto essa história não sei se tem muita gente que acredita, ele me bateu, me bateu tanto que tipo assim eu morri, eu senti minha alma leve, fui no céu e voltei, quando eu cheguei lá, eles procuraram pra mim o que é que eu estava fazendo lá, disse que “eu tinha indo pra lá que eu estava me sentindo alegre naquele momento”, ele disse “que não, era para mim voltar e cuidar dos meus filhos”. A
Acho que deus estava vendo tudo o que estava acontecendo e eu não estava vendo depois é que fui entender essa palavra que ele me disse volta e cuida dos seus filhos, uma palavra assim que até hoje, eu conto, eu não sei se tem gente que acredita, mas deus me disse isso e hoje é por isso que assim eu me retornei, depois que ele foi preso, retornei para meus filhos um alívio, que deus tirou ele da minha vida comecei a juntar meus filhos porque meus filhos vivia mais, pro lado dos parentes, para não me ver assim judiada, ele me batia muito, é hoje eu tenho muitas cicatrizes no meu corpo que ele deixou.
Mas de tudo o que já passei hoje, eu boto um sorriso no rosto de novo, mas com muita alegria, assim do que eu já passei já recuperei muito também hoje.