Café sem cafezal

Jonatas Machado Ibernon

Fiu-fiu

Bom, meu nome é Jonatas Machado Ibernon, eu sou de Manaus, nasci em Manaus, no dia 29 de julho de 1995.

Minha mãe morava no bairro São Jorge, na casa de um senhor, era como se fosse uma empregada doméstica.

Meu pai morava no São Jorge também, porque depois que o meu avô morreu eles se mudaram para cá, para Manaus, e ficaram na casa de um tio avô.

Eles não se conheciam, mas na época tinha uma brincadeira, que era assim: as pessoas assobiavam, chamando os meninos da rua e depois se escondiam.

Aí aconteceu que um dia a minha tia quando viu papai passando e fez isso, deu uma assobiada e se escondeu, mas a minha mãe, que estava com ela, não se escondeu por algum motivo. Ele olhou bem para ela e já desceu falando assim: “Quer namorar comigo?”.

E foi isso, estão casados até hoje!

Como se fosse meu

Depois de ter trabalhado com meus pais eu queria fazer algo voltado para a área de vendas, de comercial, de relação com pessoas.

Eu não queria um trabalho onde eu me sentasse na frente de um computador e precisasse preencher planilhas o dia inteiro. Eu queria algo vivo, livre e sempre com o pensamento de empreender. A gente fala de empreender e parece que você precisa abrir uma empresa, mas não, às vezes você é um empresário dentro de uma empresa.

E eu sempre tive essa cabeça, assim, cara, e comecei a trabalhar com o Café Apuí em 2012 com esse pensamento: é responsabilidade minha, eu vou lidar como se isso fosse meu.

Por quê?

Os produtores de café de Apuí tinham abandonado os cafezais por causa do baixo preço, só que aí teve umas árvores de embaúba que cresceram em volta e sombrearam o café.

A gente tirou o fruto e quando foi fazer a análise, descobriu que aquele café estava melhor do que o tradicional.

"Cara, por que esse café está melhor”?

Porque criou um microclima e fez ele maturar no tempo certo.

Assim nasceu o Café Apuí Agroflorestal. Você tem uma área que não tem nada, a gente transforma aquilo em uma área de café Agroflorestal do zero. Você planta o café e, em consórcio, planta árvores nativas como copaíba, andiroba, ingá, banana, aí elas vão regenerar a floresta, criar uma economia de baixo carbono e fazer com que o café se torne um café de qualidade.

Sustentável

Hoje nós temos 96 hectares de café plantado e esse ano vamos plantar mais 70 hectares e a intenção em cinco anos é que a gente tenha pelo menos 300 hectares de café Agroflorestal plantados, um café certificado, com selo de orgânico.

Já existia uma cultura de café em Apuí; o município tinha, já, cafeicultores que plantavam e vendiam o café.

Existia uma economia local exploratória, mas agora está se criando uma cultura sustentável.

Parece uma floresta

Cada hectare de Café Agroflorestal plantado é um hectare de floresta que foi reflorestada.

Se você visitar o nosso site, que é o cafeapui.com.br, tem uma foto de cima, que é de um drone. Aquilo é um cafezal, mas você olhando parece uma floresta.

Por quê?

Porque é uma agricultura sustentável, e isso faz bem para o bioma. Às vezes a pessoa se pergunta: “Como eu posso ajudar a Amazônia?”. Você pode ajudar tomando um café, comendo uma geleia, comendo uma farinha de tapioca, tomando um suco.

Você regenera a floresta com atividade sustentáveis de empresas que são empresas de impacto socioambiental positivo.

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