Localizado no noroeste do estado do Amazonas, o Rio Negro é reconhecidamente uma das regiões mais preservadas e biodiversas da Amazônia. É também um território de enorme riqueza e diversidade sociocultural e linguística, com uma ocupação humana que remonta há pelo menos 3 mil anos.

Neste vasto território, que faz fronteira com a Colômbia e com a Venezuela, convivem 23 povos indígenas, pertencentes a três diferentes famílias linguísticas: Arawak, Tukano Oriental e Naduhup. Isso apenas em território brasileiro, já que, do lado colombiano e venezuelano, há ainda outros povos dessas famílias linguísticas. 

Em 2018, a bacia do Rio Negro foi reconhecida como a maior área úmida do planeta dentro da Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, que representa o primeiro dos Tratados globais sobre conservação. Com o reconhecimento, a região foi qualificada como Sítio Ramsar Rio Negro.

Territórios e comunidades

Na região há onze terras indígenas demarcadas. São mais de 800 comunidades indígenas distribuídas ao longo de toda a extensão do Negro e de seus afluentes e subafluentes, como os rios Uaupés e Içana. 

A maior parte dessas comunidades são multiétnicas, e nelas convivem famílias de diversos povos que tradicionalmente se relacionam por meio de casamentos e de outros intercâmbios materiais e cerimoniais. 

Família ArawakFamília Tukano OrientalFamília Naduhup
Regiões predominantesBacia do Rio Içana e Alto e Médio Rio NegroBacia do Rio Uaupés e Médio Rio NegroRegiões de interflúvio na bacia do Rio Uaupés e no Médio Rio Negro
PovosBaniwa
Kuripako
Baré
Warekena
Tariano*

* Em tempos muito antigos se deslocaram para o rio Uaupés, ocupando justamente a região de Iauaretê, onde se localiza a Cachoeira das Onças
Tukano
Desana
Piratapuia (Waikhana)
Wanano (Kootiria)
Tuyuka
Arapasso
Kubeo
Mirititapuia
Bará
Karapanã
Siriano
Yebá Mahsã
Barasana
Ide Mahsã**
Yuriti**
Tatuyo**
Eduria**

** Esses últimos habitam apenas o lado colombiano
Hupdah
Yuhupdeh
Nadëb
Dôw

A cultura resiste

Apesar da opressão, violência e transformações drásticas vividas por esses povos ao longo da história colonial na região, que remonta aos séculos XVIII e XIX, as comunidades resistem e continuam a manter vivo aquilo que marca a identidade e dá sentido à existência individual e coletiva: o modo de vida atrelado ao rio, à floresta e às atividades como a pesca, caça e manejo das roças; as relações e trocas interétnicas; as narrativas ancestrais, os benzimentos e o respeito com o território, os lugares sagrados e os seres viventes que nele habitam; a diversidade das línguas e suas expressões.

É nesse rico contexto socioambiental que se situam as histórias de vida desta exposição. São histórias de indígenas de diversos povos, que foram registradas em duas regiões diferentes do Rio Negro: o Médio Rio Negro, onde foi feito o registro do Sistema Agrícola Tradicional, e Iauaretê, no alto Rio Negro, onde se localiza a Cachoeira das Onças.

_____

Para saber mais sobre os povos indígenas do Rio Negro, acesse a página Povos Indígenas no Brasil, do Instituto Socioambiental.