Na minha família, eu e meus irmãos fazíamos tudo juntos.
A caminho da escola, quando o sininho começava a tocar DINDINDIN, sabíamos que só podia significar uma coisa: a boiada estava passando.
Eu morria de medo.
Essa era apenas uma de nossas peripécias para chegar até a escola.
Nós fazíamos uma fila indiana a caminho da escola.
Em dias que a chuva estava muito forte, poças se juntavam na avenida.
Quando a gente via que o carro estava vindo, a gente falava: abaixa!
Todo mundo se abaixava e fazia uma cabana com o guarda-chuva.
Quase de forma coreografada.
Quando começava a tocar o sucesso Born to be Alive, cantado por Patrick Hernandez, ele nem lembrava que estava transportando crianças em sua perua.
No auge da música, ele soltava as mãos do volante da perua, tirava a camisa e girava a camisa para fora da perua.
Era uma performance!
Eu adorava o som do atabaque, a musicalidade da capoeira.
Adorava o som do berimbau, o som do pandeiro, do caxixi.
Eu gostava desse som.
Comecei com muita resistência. Eu era muito tímida.
Mas encontrei um mestre maravilhoso que me fez acreditar em mim.
O mestre Mané.
Ele batia a mão assim no peito e fazia SALVE!
A gente fazia com ele junto SALVE!
Era bem forte.
Andrea Frangakis
Núcleo Café com Biscoitos
Para acessar a produção completa dessa história, clique abaixo: