Muito à frente do seu tempo

Elizabete relembra sua convivência com Dona Mariinha Moreira, sua atuação em Santa Luzia (MG), o dever com o abrigo e a Associação Cultural Comunitária de Santa Luzia.

Eu convivi com a Dona Mariinha Moreira durante toda minha vida.

Mariinha Moreira, ela ensaiava peças de teatro com a minha irmã Naná. Eu ia sempre acompanhar a Naná.
Eu ia na casa dela e ficava, assim, apaixonada por aquela pessoa tão calma, tão delicada, tão atenciosa.

São mais de 40 anos ajudando, fazendo festas para arrecadar dinheiro para sustentar o Instituto São Jerônimo.

Ela não quis fazer convênio com nenhum órgão oficial. Sempre foram doações, festas e bordados.

O bordado que era famoso aqui em Santa Luzia.
As meninas bordavam, faziam doces, salgados, bolos de casamento.
Era o que sustentava o Instituto.

Uma coisa que me assustou foi que, após anos sem ver a Dona Mariinha, quando fui conversar com ela, estava tão magra, tão frágil, com tanta dificuldade para levar aquele asilo em frente e eu ainda trouxe mais uma menininha para ela cuidar.

Nos últimos tempos, o maior medo dela era que o abrigo fechasse. Ela tinha pavor.

Aos trancos e barrancos, estamos já há 30 anos após a morte dela. Estamos sobrevivendo.

Eu fiz de tudo para ninguém esquecer a memória dela.
Ela foi pioneira na assistência social em Santa Luzia.
Talvez até em Minas Gerais.

Elizabete de Almeida Teixeira
Núcleo Associação Cultural Comunitária de Santa Luzia