Trajetória da Minha vida

Maria do Carmo Alves Guajajara

Na sua entrevista, Maria nos fala sobre a migração de cidade em cidade até chegar em Lagoa Comprida. Como a sua família buscava por outros indígenas e não havia nenhum na região, se mudam para Santa Inês e, em seguida, para Porto Pindaré, onde fundam a sua própria aldeia: “Tabocal". Ela nos conta também sobre as dificuldades em falar na Língua materna pois seus pais não ensinaram, que não teve oportunidade de estudar, que trabalha na roça junto com sua família e que a sua religião é "crente evangelho". Em seguida, ela lembra dos seus pais, dos pajés, da língua, da cultura, sobre as festas da menina, dos cantores e da invasão de madeireiros. Por fim, conta um pouco sobre sua família e sobre o legado deixado para os mais novos.

Trajetória da Minha Vida

Depois do meu nascimento, meu pai e minha mãe, saíram de cidade em cidade a procura de outros parentes indígenas pra gente morar, pois a antiga aldeia dele tinha invadido pelos brancos, aí a gente veio aqui pra aldeia da Lagoa comprida e lá não tinha índio e em seguida descemos aqui para Santa Inês no lugarzinho relampo próximo aqui a aldeia, e encontramos os parentes onde nos contaram que aqui perto dos Pindaré, tinha uma aldeia, aldeia Pindaré e aí o Finado Kuringueira disse ao meu pai bora lá parente, lá tem terra pra gente trabalhar, pra você acabar de criar seus filhos e a gente veio na companhia dele e até hoje, meus já morreram a gente ficou.
Chegamos aqui, tinha muita mata, meu pai botava lavoura de roça. Eu não estudei por causa que eu trabalhava na roça, plantávamos arroz, milho, mandioca, fazíamos farinha, aqui tinha muita caça nessa época. Aqui não era assim, era outra vida pra nós, íamos na floresta era grande a floresta por aqui e tinha muita mata, a gente saia matava a caça era perto as mata e aí a gente cresceu aqui e a gente fundou a vida nessa aldeia, hoje em dia nos chamamos de nossa aldeia, foi o Tupãn que botou nós aqui. Tupãn é o senhor “Deus” e esse Deus nós Guardou aqui.
Eu sempre tenho falado pro meus irmãos, netos, que aqui eu não vou sair, por aqui foi o que meu pai deixou aqui nessa aldeia, pois aqui nos tem trabalhado. Digo para os meus fi e parentes também aqui é nosso, nós temos que lutar por essa terra até o final, aqui é nosso Território onde tem peixe pra nós comer, hoje em dia não tem muita caça mas já tá gerando que nos estamos gerando as mata.
Meu esposo é Guardião, eu também já tenho fundado a vida de Guardião com eles, andando nas mata com eles, nas águas, eu era do Conselho de mulheres e colocaram meu nome como Guardioa. Pra mim o território que eu amo mais é o Porto Pindaré eu acho bom aqui. A gente não aprendeu a língua, hoje em dia eu entendo um pouco. Eu sou Crente evangelho, eu canto hino na Língua indígena ainda estou aprendendo e gente tem muita paixão ao fazer isso.

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