Nesta entrevista, Pedro Silva Guajajara fala da sua vida na Terra Indígena Carú e de como lembra das constantes ameaçadas dos "caraiu", com invasões,que cobiçavam o chão no qual toda a comunidade vive. Detalha sua infância em que precisou conviver com outras famílias, as brincadeiras, as dificuldades, e, principalmente, como agiu para não perder a língua materna, saindo do meio dos brancos e voltando para a aldeia. Também relata sobre as festas tradicionais, como a Menina-Moça, Moqueado e Mandiocaba, e as cantorias em um tempo em que se sentia feliz. Ele partilha histórias sobre a estrada de ferro e de como se comunicava com os parentes sem as tecnologias de hoje. Nessas histórias, ele ainda deixa bem claro a importância de preservar a terra e os costumes dos povos nativos, assim como seu trabalho para deixar um bom legado para seus filhos.
Não entendo bem de onde eu vim. Eu não fui criado aqui não, fui criado no meio dos “caraiu”. Para eu não perder a minha língua, fui obrigado a ir pra aldeia, senão ia perder meu valor, digo aqui e digo em qualquer lugar!
Depois essa aldeia foi mudada pra ela ter uma história só, pra gente criar mais força. Os brancos vieram expulsando de lá para cá e nós nunca vendemos um pedaço de terra para eles. O branco está cobiçando o que é nosso, voltando os olhos para cá, para querer tomar isso aqui. Nós não vamos deixar, vai ficar para meus filhos.