Posso dar as palavras, outra coisa não tenho

Antonio Pereira Guajajara

Antonio Pereira Guajajara ou “Toinho”, como às vezes é chamado, fala do tempo que morou com seus pais em Vargem Grande quando era pequeno. Do período entre sua adolescência e juventude, quando chegou em Santa Luzia e ali saía muitas vezes, junto ao seu irmão Raimundo, para roçar perto do igarapé de Maçaranduba. Lembra sobre quando chegou com sua família em Santa Rita e lá ajudou a fundar a aldeia, lugar onde caçou muitas onças bravas e viu seus filhos crescerem. Depois narra o seu processo de mudança para Maçaranduba, logo após a amputação do seu pé devido a um problema de saúde. Recorda a chegada da Estrada de Ferro Carajás, indicando como era o seu funcionamento e também a chegada da energia elétrica, tecnologias responsáveis por algumas mudanças na vida dos que vivem na aldeia localizada na T.I Caru.

Memórias de Santa Rita


Eu que vou contar a história certa. Tava bem aí nas Três Bocas, tu sabe que morei lá! Foi quando finado Maciano chegou em Santa Rita, ele foi o primeiro índio de lá. Depois, ele chegou lá em Três Bocas e disse: “Seu Toinho vim aqui pro senhor ir embora pra Santa Rita, agora não tem mais Kaiowá não, só nós mesmo”. Eu respondi: “Então eu vou!”, fui pra Santa Rita e fiquei lá. Lá tinha um povoado assim, botaram tudo pra fora e nós fomos pra lá.

Hoje em dia não tem mais gente lá porque eu saí. Você é dono da sua família, cê se sai, aí fica difícil, todo mundo quer sair também.

Eu saí de Santa Rita, o pai dela veio embora pra cá. Veio todo mundo pra cá, aí ficou lá sem inguém. Porque lá foi criado todo mundo, foi lá, foi lá! Santa Rita é lugar nosso, nós criamos nossos filhos tudinho foi lá, mandando por lá eles pro Colégio Novo Caru. Pescando, uma caça, um arrozinho e mandando pros filho enquanto estudavam. Assim que foi criado tudinho.

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