Levando o nome dos guardiões da floresta

Rosilene Guajajara de Sousa

Liderança indígena, Rosilene Guajajara, relata em entrevista a sua trajetória na Aldeia de Maçaranduba. Compartilha momentos da infância, de quando sua mãe foi assassinada e se tornou responsável pelos seus irmãos, realidade que a fez trabalhar em casa de família e se casar aos catorze anos de idade com Antonio Guajajara. Conta que ficou grávida seis vezes, todas as gestações complicadas, tendo em uma delas sofrido um aborto. Apesar de tamanhas dificuldades, disse que sempre quis estudar. Sofreu preconceito, mas também muito apoio entre os não-indígenas nos lugares onde estudou. Depois disso, confessa que não teve a Festa da Menina Moça, rito de passagem importante, mas que participou de todas as suas companheiras de luta e também de suas filhas, narra os eventos com emoção. Além disso, explica como foi responsável na formação dos grupos dos guardiões e das guerreiras da floresta na luta contra os madeireiros.

Não ter vergonha de ser o que nós somos que é indígena

Um momento marcante foi a festa da minha menina, a gente chora tanto, principalmente com a música despedida que toca no encerramento. Não tem como a gente não ficar marcado. Cada festa deixa uma marca na gente porque é uma festa melhor que a outra, quando se trata da filha da gente então! A gente quer fazer uma coisa bem feita, né? Uma festa bonita que agrade todo mundo.

É uma emoção tão grande quando a gente tá ali na festa da Menina Moça, vai pra caçada, a comunidade e todas as famílias vão. É marcante! Na festa das minhas meninas, Iraílde e Angela, uma hora marcante foi quando eu vim da caçada e a minha equipe se encontrou lá no Zé Murreal com uma outra equipe de velhinhas lá da Pindaré.
Naquele momento ali, bem, eu nem sabia pular que nem as outras pulavam. Nesse dia eu me empolguei tanto que pulei como as outras! Não era que eu tivesse vergonha, eu tinha vontade de pular, mas só que pra mim, eu não conseguia. Mas nesse dia que a gente se encontrou, eu consegui. Foi um momento muito marcante!

Tão forte aquele momento, eu me soltei tanto que eu consegui pular. O fato de conseguir pular como as outras me deixou muito feliz, porque agora em toda festa que tem a gente se empolga e quer brincar muito, não tem vergonha de ser o que nós somos que é indígena.

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