Emiliano Guajajara relata que é nascido e criado na Aldeia Januária e que a sua infância e adolescência foram dedicadas ao trabalho, plantio, caçadas e também a pesca, juntamente com o pai. Ele lembra que participou de muitas festas da comunidade, como a Mandiocaba e a Festa do Mel, e que aprendeu com a observação as cantorias para as cerimônias e a tocar instrumentos, como o maracá. Ainda conta que realiza na comunidade os famosos benzimentos, que fazem parte do ritual de cura indígena. Ele finaliza recordando da família e dizendo que há falta de interesse dos mais novos em aprender a cultura ancestral e, assim como aconteceu com a língua, essa pode cair no esquecimento.
“Eu aprendi foi com a observação”
Aprendi com eles lá. Eu não sabia, aprendi com eles. Eu não sabia bater maracá, eu passava na cantoria nem ligava, depois eu fui me ligando. E hoje eu tou por aqui. Ensinando os outros também. Eu tenho um neto que eu ensinei. E hoje ele é um cantor.
A gente fazia uma brincadeira, foi na Mandiocaba, antigamente, primeiro tinha festa de Mandiocaba, Festa do Mel, Milho, tudo tinha.
Falta interesse deles, porque a gente luta para ensinar. Quando eles vão na brincadeira, se eles se assentassem para segurar aquele negócio, seria uma boa pra eles, mas eles ficam pulando... Eles têm que ouvir a cantoria. Como eu aprendi. Eu me sentava e prestava atenção. Eu olhava como era o jeito.