Dona Lucélia conta histórias de acontecimentos da Cachoeira das Onças. Aponta que é um local de turismo. Segundo ela, a cachoeira tem muitas histórias, boas e ruins, e relata uma delas, de um lugar chamado Biaporã (Saúva), ocorrida com Wanariwãka e Wawa (Urubu-Rei), que tematiza conflitos, relacionamentos e vingança.
Lucélia Desana é professora
Na mente abre uma janela
Educa as crianças com amor
Essa é a marca dela
Afinal o estudo é sagrado
E a escola é sua capela
Dona Maria Lucélia Desana fala o seu nome indígena, Diakarapo. É filha do senhor Laureano Alves Tõrãmu e dona Isabel Araújo Duhígo. Nasceu em uma comunidade chamada Pakowa, na Colômbia e cresce na comunidade Yai Boha, Santa Marta.
Quando seus pais viajavam, ficava na comunidade para cuidar de seus irmãos, lá passou pelo processo de benzimento e desde cedo recebeu orientações do pai. Começou a estudar na comunidade de Pato, no rio Papuri, lá morando junto à sua irmã Maria Alves. Mudou-se para Iauaretê para dar continuidade aos seus estudos do ensino fundamental, morando no internato junto com 600 internas, onde aprendeu a trabalhar com emplumagem, tecelagem e culinárias. Assim que concluiu seus estudos até a 8ª série, trabalhou como ajudante de cozinha das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), a convite da irmã Irene. Estudou magistério em São Gabriel, onde morou novamente com as internas na cidade. Após terminar seus estudos, retorna para Santa Marta para morar com seus pais, trabalhando como professora durante três anos com os Hupda, onde conheceu o seu marido. Atualmente tem três filhas. Fez concurso e passou para trabalhar na escola São Miguel, na qual trabalha até hoje.
Após sua primeira menstruação, o pós-parto e durante a gravidez é importante se proteger com bahsese, conta Lucélia. Sabe cantar handeka, onde na maioria das vezes se canta como forma de agradecimento às pessoas.