Cresceu como órfã de mãe / PAHKO MANIGO WERO’O BɄHKɄAKO

Verônica Alves Desana

Aos 12 anos, sua mãe começou a ficar doente. Ela teve que cuidar do pai e dos irmãos, por ser a única filha. Os médicos encaminharam a mãe até Manaus, o que durou dois anos. Durante a ausência da mãe, o pai cuidava da família. Pouco depois de sua volta, a mãe começa a adoecer novamente, e ela teve que ser internada de novo, dessa vez em Mitú.
Mesmo cuidando da família, ela quis continuar seus estudos, e o fez a partir do incentivo dos professores. Seu sonho era ser professora, sonho que quase se concretizou, quando surgiu uma vaga para professor. No entanto, seu marido dizia que seu dever era cuidar dos filhos, o que a impediu de se tornar professora.

VERÔNICA ALVES DESANA, A ARTESÃ MESTRA

Verônica é pessoa verdadeira
Sabe os meios de sobreviver
É boa de plantar macaxeira
Ela trabalha até o entardecer
Ela sabe fazer pulseira
E ensina os outros a fazer

Nascida em Santa Marta, no rio Papuri, igarapé Urucum, seu nome indígena é Diakará. Durante suas viagens a trabalho, seus pais se conheceram. Sua mãe é de Pari Cachoeira. São cinco filhos, e ela é a única filha. Com oito anos de idade, ela começou a prender todos os trabalhos que ela realiza, com sua mãe. Aos 12 anos, sua mãe começou a ficar doente. Ela teve que cuidar do pai e dos irmãos, por ser a única filha. Os médicos encaminharam a mãe até Manaus, o que durou dois anos. Durante a ausência da mãe, o pai cuidava da família. Pouco depois de sua volta, a mãe começa a adoecer novamente, e ela teve que ser internada de novo, dessa vez em Mitú.
Em sua vida escolar, na ausência da mãe, foi uma aluna exemplar, vindo frequentar a escola São Miguel, em Iauaretê, aos 14 anos de idade. Os pais sempre chamavam essa comunidade de Iauaretê de fossa; os pais diziam que iam em fossa, fazer compras, para sustentar a família. No tempo do internato, os pais deixaram seus cuidados com as irmãs salesianas, momento em que se sentiu sozinha pela primeira vez. Os pais vinham visita-la uma vez ao ano, ao fim do ano, quando a levavam ao lugar de origem, em Santa Marta.
Aos 15 anos de idade, teve sua primeira menstruação. No tempo em que vivia com as irmãs salesianas, aprendeu a ler, plantar maniva, costurar. Durante os três anos de internato, os salesianos perceberam que seus pais já tinham moradia fixa em Iauaretê, apesar das dificuldades, tendo construído uma casa. Ela conta que desde sua saída do internato mora nesta casa.
Na 7ª série, conheceu aquele que seria seu esposo, casando-se no ano de 1992, com um militar. Nos anos seguintes teve filhos. Mesmo cuidando da família, ela quis continuar seus estudos, e o fez a partir do incentivo dos professores. Seu sonho era ser professora, sonho que quase se concretizou, quando surgiu uma vaga para professor. No entanto, seu marido dizia que seu dever era cuidar dos filhos, o que a impediu de se tornar professora.
Em seu âmbito familiar, ela sempre se questionava: Como um casal vive? Quase se separa de seu marido, mas há um período de reconciliação e amadurecimento.
Entra na AMIDI no período da atual diretora.
Sobre a Cachoeira das Onças, disse que é um lugar sagrado, que precisa ser respeitado, que ninguém pode mexer.
Por contrariar o respeito a um lugar sagrado, adoeceu por uma semana.
Em sua comunidade de origem havia vários benzedores, que sabiam prevenir as doenças.
Na infância ficou doente, teve tumores. Remava em Santa Maria para ir para roça.
Em seu trabalho, ela precisa do tucum, e todos os materiais que ela precisa ela consegue com a tesoureira da AMIDI.
Ela não cantou, perguntada sobre os cantos tradicionais.
Muito emocionada pela entrevista, ela agradeceu, desejando que a equipe seja uma boa equipe de guardiões da memória de Iauaretê.

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