O benzedor / BAHSEGɄ

José Maria Menezes Dias Tukano

José Maria Tukano quer criar um espaço para trazer o seu conhecimento afinal tem muita experiência com o benzimento, esse trabalho não é pra qualquer pessoa, tem que ter interesse, mas acima de tudo um dom. José mantém e aprimora esse conhecimento ancestral em diálogos com conhecedores, assim também é com o kapiwaya e o kariçu, para isso a pessoa é preparada desde o nascimento e em todas as fases até a maturidade esse conhecimento aflora na vida da pessoa, porém quando nessas fases há desvio de conduta e quando um dos pais bate nela, a linha do crescimento se desmantela e pode trazer pensamentos suicidas para a pessoa. José acompanha 3 pessoas com tendências suicidas, e com receitas específicas de benzimento com os elementos da canoa da transformação ele extirpa o suicídio e traz de novo a pessoa para o rio da vida.

JOSÉ MARIA DIAS TUKANO, O GRANDE BENZEDOR

É um mestre conhecedor
Pra Claudia traz alegrias
O seu canto é poderoso
Chega a fazer magias
José Maria sabe histórias
Que são cheias de sabedorias

José Maria nasceu na comunidade São Miguel, no rio Papuri, e é da etnia Tukano. Seus avós moravam em diferentes lugares, em São Miguel, Nazaré e Bosô Peta. Eram cinco irmãos. Teve como seus primeiros professores Floriano Campos de Lima e Joaquim Rezende até sua oitava série, em sua comunidade de origem. Assim que concluiu o ensino fundamental, seu avô faleceu, que foi quem havia o ensinado os benzimentos, bahsese, por isso, hoje ele é kumu. Seu avô também sabia cantar kapiwaya, que cantava com seus filhos e netos. Pensou em continuar seus estudos, mas sua mãe pediu para ajudar ao pai na construção de uma nova casa. Conheceu sua esposa quando ela chegou no povoado para ser professora. Após seu casamento, a esposa ficou doente, ele a levou para Piraquara para ser tratada, quando não adiantava levou-a para outras localidades, pedindo ajuda de outros benzedores. Mora em Itaiaçú, onde vive de suas atividades. Em Iauaretê, mora na vila Nossa Senhora Aparecida, por causa do estudo dos filhos. Conhecedor dos benzimentos, vive com seus parentes e familiares, com muita tranquilidade e serenidade, considerando os demais de forma igual, sempre com muito respeito. Conhece vários lugares sagrados, onde as pessoas não podem pescar, consumir o peixe, somente após o benzimento. Muitos dos lugares de pesca, seu avô benzeu, para que não adoecesse após o consumo, e também para oferecer aos seus parentes. Foi aprendiz de pajé, sempre benzendo as pessoas, no entanto, seus parentes impediram-no de se tornar pajé, dizendo que os Tukano não eram para essa atividade. Desde criança praticou o benzimento, chegando a aliviar dor de cabeça e outros males. Por isso, se especializou para se tornar um outro tipo de curandeiro, kumu, e hoje pratica curas para diferentes doenças, nesse sentido, José Maria faz um alerta, que a ocorrência do suicídio é falta de benzimento. Tem muita dificuldade para benzer o parto. No entanto, criou coragem e ele mesmo benzeu o parto de sua filha. José Maria sonha em construir uma maloca para ser uma escola de benzimento. Atualmente, estuda kapiwaya com um grupo de cantores. Para José, tanto homens como mulheres têm capacidade para serem benzedores. Para ser um bom benzedor, tem que estar à disposição preparado para exercer a função com um cigarro benzido. Apresenta instrumentos musicais que ele mesmo produz, como o cariçu, e a dança kahpiwaya.

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