Banco de tauba serrado

José Inácio Guajajara

Na sua entrevista, José Inácio nos fala sobre os laços familiares que o ajudaram bastante aprendendo cada ensinamento sobre os rituais, os cantos, as histórias e a caçada. Relata também a migração da aldeia Iboá para a aldeia Januária junto com sua família e que, depois disso, os seus pais fundaram a sua própria aldeia e se mudaram pra lá. Ele lembra de seus familiares e que desde cedo ajudou seu pai na roça. José recorda a contação de histórias, dos pajés, as mudanças que ocorreram ao longo do tempo nas festas tradicionais e rituais, a língua materna falada pelos seu país, os cantores da aldeia, os cantos e seus significados, como aprendeu a cantar e a invasão de madeireiros. Por fim, fala um pouco como era feita a Festa de Moqueado na sua época e sobre as pinturas.

No tempo que meu pai e meu tio fazia a festa, eu vir eles fazendo um Banco de Tauba serrado enfeitado para os rapazes pintando sentar, para ser banco deles. Meu pai pintava assim o banco num tem, comprimento daqui até aquele pau, em cada parte fazia um quadrozinho de todas as cores, dentro daquele quadrinho pintado um rapaz ia sentar, sentava Assim, outro assim. Se eram dez, era dez lugarzinho né, Pois é. Dez lugarzinho para sentar naquela Tauba, só era pra eles também né.
Agora pras mulher, as moçada, sempre era cadeira pra sentar foi esse mirral que se chama esteira né, pois é desde do começo que vem vindo esse daí até hoje ainda pras moçada sentar, no meu tempo eu vir papai fazendo esse aí né. É bonito rapaz, ele enfeitava um banco, eu dizia armaria tá uma beleza né. Cada um com a flecha na mão, a flecha também enfeitada e pintada de urucum, atravessando de jenipapo também a flecha era desse jeito.
Meu pai já fez essa Bancada e enfeitou assim muitas vezes, aqui na Cantoria, aqui na piçarra, nessa época a piçarra preta não tinha casa ali, de jeito nenhum assim como também na aldeia Januária.
Quando eu era menino nesse tempo, nos era muito criança. Os chefes brincavam com nós e a gente com eles, pintava nós todinho e depois mandava ir pra beira do Rio naquele barracão, aí ele ficava olhando pra nós em seguida batia com mãos e a gente vinha todo pintado agora né, caminhando por rumo dele e ele tirando fotos né, eu não sei o que aconteceu com essas fotos que ele tirava. A gente pintado assim com umas listas, com umas lista comprida em pé assim pois é né, Assim meio parecido com jenipapo, mais não era jenipapo não

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