Luciano Guajajara conta que nasceu na Aldeia Piçarra Preta, Terra Indígena Pindaré, no Maranhão. Ele lembra que é viúvo e que perdeu os pais ainda criança e, por isso, foi criado por parentes na Aldeia Januário até os 10 anos quando foi morar com um tio fora da Terra Indígena e precisou trabalhar para os kari`/brancos. Ele lembra também de como os pajé curavam e tinham poder dentro da aldeia e como sente falta da esposa que faleceu. Por fim, ele recorda da primeira escola que foi criada na comunidade e como fazia para não se perder na mata.
A minha fala era muito importante pra mim, é por isso que nunca perdi ela, minha fala iluminava todos os meus compartimentos... não tenho muito contato com a Januária indígena, porque quando eu comecei a me formar aqui dentro... o que eu me lembro dos funcionários, quem trabalhava com a gente... tinha umas professoras que vinha de outras aldeias, inclusive a Belinha ensinou como professora. Mas eu não aprendi nadinha, a professora ensinava dois, quatro meses, depois ia embora, a gente ficava sem aula um bocado de tempo.
Agora tá mudando muito, tem professor índio aqui dentro. A gente tava esperando uma maior assistência, desde o começo era pra ter um conforto melhor pro aluno quando a gente começou a se formar, da vez que tinha acontecido qualquer coisa de futuro pra pessoas assim. A situação era muito precária, aqui nunca tinha professor, a pessoa vinha de longe... o professor as vezes não se dava bem porque era pouco índio. Hoje a população aumentou muito, tu vê que na Januário tem 3 ruas. Precisava tá formando pessoas assim, foi um prazer que a gente achou.