Maria Carlota é indígena do povo Tukano, moradora de Iauaretê - Terra Indígena Alto Rio Negro/AM. Em sua história de vida ela conta de seus aprendizados com sua mãe na arte do tucum, como fazer rede de puça para pesca e outras coisas que aprendeu, como utensílios de cerâmica. Também conta como maneja o tucum para a extração das fibras. Relata sobre a importância do carajuru para as pinturas corporais como forma de proteção e nos dias de festa e fala sobre o hãde hãde, um canto feminino de improviso que celebra os momentos festivos entre parentes, que ela canta ao final.
Ela mora na margem do rio
Sempre faz a sua cantoria
É uma grande artesã
Trabalha com muita alegria
É uma ótima conselheira
Apreciadora da cachoeira
Que é da onde tira sua energia
Maria Carlota, do povo Tukano, nasceu em Piracuara, comunidade na margem colombiana do Papuri, rio que delimita a fronteira entre Brasil e Colômbia. Ainda muito nova foi mandada por seus pais para estudar no internato em Monforth, povoado um pouco acima de sua comunidade Piracuara. Depois, na adolescência, foi com a família para a região de Guaviare, na Colômbia. Foi lá que conheceu seu marido. Casada e já com uma filha, mudaram-se para o Uaupés brasileiro. Diz que com sua mãe aprendeu muita coisa entre a infância e juventude, especialmente a trabalhar o tucum e fazer redes de puça para a pesca, e também a trabalhar cerâmica. Mas que foi só depois de casada que aprendeu a trabalhar direito na roça, fazer farinha, preparar beiju e outras coisas importantes. Um tempo adoeceu gravemente e passou vários anos doente. Seu marido, que é pajé, a curou e depois de curada se mudaram para Iauaretê. Diz que com sua mãe aprendeu a trabalhar o tucum e fazer puçá (redinha de pesca). Também aprendeu a fazer utensílios de cerâmica. Hoje atua na AMIDI e ensina outras mulheres.